A artista brasileira Silvana Mendes está em Paris para uma residência artística de dois meses no centro Diaphane, onde desenvolve o projeto “Studio Affectographique“. A proposta cria um estúdio fotográfico móvel destinado a encontros com pessoas negras, em que a fotografia atua como catalisadora de diálogos sobre representação, autoimagem e memória coletiva. O trabalho resultará em uma série de publicações fotográficas e impressões que serão incorporadas ao acervo da Bibliothèque nationale de France (BnF).

“Mais do que fazer retratos, quero criar um espaço de escuta e troca, onde a fotografia sirva de ferramenta para pensar sobre identidade, memória e visibilidade”, afirma Mendes no projeto.

Paralelamente, a artista integra a programação da 22ª edição do Festival Photaumnales, que acontece de setembro a dezembro de 2025 em Amiens e outras cidades da região Hauts-de-France. A partir desta segunda, dia 6 de outubro, na UFR des ARTS – Université de Picardie Jules Verne (UPJV), serão exibidos alguns trabalhos de sua série “Afectocolagens“, em que revisita e reconstrói narrativas visuais de pessoas negras a partir da fotografia colonial brasileira do século XIX, especialmente do vasto arquivo de retratos produzidos pelo fotógrafo Alberto Henschel.

Mendes foi premiada recentemente no Prix Photo de l’Alliance Française, conquistando o primeiro lugar na 14ª edição do prêmio, o que lhe garantiu a residência atual em Paris, organizada em parceria com a  Diaphane. A presença simultânea da artista no festival Photaumnales e na residência em Paris reforça sua pesquisa em torno da fotografia como linguagem crítica e espaço de reconstrução de narrativas.