
Inaugurada em Porto Alegre a 14ª Bienal do Mercosul, que reúne 77 artistas de diversas partes do mundo em 18 espaços da cidade.
Com curadoria de Raphael Fonseca, e co-curadoria de Tiago Sant’Ana e Yina Jimenez Surielo, o evento propõe uma reflexão sobre transformação, explorando o tema “Estalo“.
As obras selecionadas abordam diferentes formas de metamorfose e as interações entre arte e vida, convidando o público a considerar como, em um simples estalo de dedos, o mundo ao nosso redor pode se transformar, seja de maneira sutil ou impactante.
Os artistas Ismael Monticelli, Randolpho Lamonier e Zé Carlos Garcia, todos representados pela Portas Vilaseca, participam desta edição com obras especialmente comissionadas e que evocam tanto a intimidade das microhistórias quanto as utopias e distopias do presente, sugerindo que a mudança, seja física ou simbólica, é uma constante.
Na galeria abaixo, destacamos a série “Suíte“, de Zé Carlos Garcia, que reúne 11 esculturas inéditas na Fundação Iberê Camargo; a instalação imersiva “Teoria Geral do Babalu Atômico“, de Randolpho Lamonier (com a participação de Victor Galvão), que ocupa a Casa de Cultura Mário Quintana; e a instalação “Zé Ninguém“, de Ismael Monticelli, que ocupa o POP Center, um centro comercial no coração de Porto Alegre.
A Bienal segue até 1 de junho.
Mais informações: www.bienalmercosul.art.br
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Sobre as obras
Série “Suíte” – Zé Carlos Garcia: formada por 11 obras esculpidas em madeira de manejo florestal e que também incorporam fragmentos de mobiliário. Todas as peças estão conectadas a partir de uma figura central: uma mônada. As linhas talhadas nesses troncos esculpem rostos que emergem de superfícies aparentemente inertes, revelando uma espécie de tensão latente. Com contornos que sugerem contrações musculares e expressões de dor física ou agonia, as obras evocam reflexões sobre um mundo em constante mudança e sobre os habitantes de uma paisagem marcada pelos vestígios de seus próprios escombros. (a partir de texto de Taís Cardoso).
Instalação “Teoria Geral do Babalu Atômico” – Randolpho Lamonier: em um espaço que funciona como uma ilha de edição, materiais visuais se transformam em têxteis, esculturas, neons, papéis de parede, fotos e vídeos. Entre os elementos desta instalação, destaca-se um corpo disforme, composto por objetos acumulados e desenhos que fazem referência à Vila Itaú, bairro de Contagem, cidade industrial de Minas Gerais e terra natal do artista. Construída ao redor de uma fábrica, a Vila Itaú teve seus moradores despejados e os terrenos desapropriados para a construção de uma barragem em 2013. (Carolina Grippa).
Instalação “Zé Ninguém” – Ismael Monticelli: a obra incorpora elementos visuais típicos do comércio local — como letreiros digitais e luzes de LED — e consiste em cinco cabines com neons inspirados nos petróglifos do Rio Negro, revelados pela seca histórica de 2023 no Amazonas. Em frente às cabines, há um grande neon baseado em um pictograma do Departamento de Energia dos EUA – criado para alertar sobre perigo radioativo a civilizações futuras – e que combina essa linguagem visual com a icônica pintura “O Grito”, de Edvard Munch, acompanhada de uma citação do diário do artista. A instalação propõe uma reflexão sobre os significados mutáveis dos símbolos visuais ao longo do tempo. Os petróglifos emergem como sinais da crise climática atual, e a imagem de Munch é reinterpretada como um aviso sobre um futuro incerto. Traduzidas em neons vibrantes, essas imagens funcionam como “emojis” distorcidos que expressam a ansiedade contemporânea.
























































